sábado, 7 de junho de 2008

Hormônios

Os hormônios são os principais reguladores bioquímicos do metabolismo e de doenças no corpo humano. E com a obesidade não poderia ser diferente. Leptina, grelina, adiponectina, insulina são alguns dos hormônios que estão correlacionados com a enfermidade do século. Vários outros, porém, também estão envolvidos em sua patologia, mas o enfoque do grupo deu-se apenas nesses hormônios já citados por serem de maior expressão. Entretanto, não se esqueça de que tudo no corpo humano está em constante interação e que nada pode ser avaliado de uma forma isolada. A análise do todo é fundamental para que se possa entender, nem que seja o início, da complexidade da máquina biológica.

Leptina – O hormônio da Obesidade


Leptina (grego leptos=magro) foi identificada em 1994 como um produto do gene ob descrito em camundongos. É um peptídeo formado por 167 aminoácidos, mas que é circulado no sangue com apenas 146 aminoácidos ligados a uma proteína carregadora.
A síntese de leptina ocorre principalmente em células adipócitas (tecido adiposo), podendo ocorrer também na placenta, no epitélio intestinal, no cérebro. Sua síntese é regulada por fatores ambientais, orgânicos e também pela influência do sexo.
  • ↑insulina ↑secreção de leptina glicorticóide
  • baixas temperaturas ↓ secreção de leptina fumo
  • para mesma quantidade de gordura as mulheres secretam 2x mais leptina do que os homens.

Mas qual é a função da leptina? A leptina, produzida no tecido adiposo, age no hipotálamo que redistribui a sua ação. A sinalização na glândula pituitária estimula as gônadas indicando o início da puberdade e da reprodução; as adrenais regulando os estímulos adrenérgicos. Porém, sua ação mais importante é no controle da ingesta alimentar e na manutenção da homeostase corporal com o metabolismo de açúcares e lipídeos.





No controle da temperatura corporal, a leptina atuará no sistema nervoso simpática estimulando a liberação de noraepinefrina na corrente sanguínea desencadeando uma cascata enzimática. Através do AMPc e da proteína quinase A (PKA) ocorrerá um estímulo no núcleo para aumentar a transcrição do gene da proteína UCP (proteína desacopladora da fosforilação oxidativa). As UCPs produzidas afetaram diretamente o metabolismo de açúcares e lipídeos, pois agem na última etapa da via de degradação. Essa proteína cria canais na membrana mitocondrial permitindo que o gradiente de prótons criado pela cadeia transportadora de elétrons (CTE) passe por eles impedindo que esses prótons atravessem o complexo da ATP sintase. Dessa forma, toda a energia contida em açúcares e lipídeos é transformando em calor sem a formação de ATP.



Essa termogênese ocorre exclusivamente no tecido adiposo marrom (assim denominado por apresentar inúmeros citocromos em suas mitocôndrias), pois somente esse tecido apresente o gene para transcrição das UCPs. E como consequência desse processo, o tecido adiposo branco será responsável por aumentar a lipólise e reduzir, logicamente, a lipogênese. Dessa forma, a ação regulada da leptina pode controlar a quantidade de gordura corpórea e, portanto, a obesidade.
Esse mecanismo está acoplado com a regulação da ingesta alimentar, pois ambos dependem do estímulo que a leptina tem sobre a secreção de neuropeptídeos anorexígenos, os quais são responsáveis por reduzir a ingestão de alimentos promovendo a sensação de saciedade. Esses neuropeptídeos anorexígenos atuam em conjunto com certos moduladores hipotalâmicos (POMC, CART) de forma a inibir os demais peptídeos responsáveis por um aumento na ingestão de alimentos (neuropeptídeos orexígenos).
Em obesos, uma possível solução seria a ingestão de altas doses de leptina de forma apromover a redução da ingesta alimentar e acelerar o gasto energético (metabolismo basal). Entretanto, a partir de certos níveis de leptina na circulação sangüínea, o cérebro se torna resistente a ela, não permitindo sua utilização de forma excessiva. Há três formas de resistência a leptina no sistema nervoso central (SNC):

  • deficiência nos receptores de transdução de sinal no SNC;
  • deficiência nas respostas hipotalâmicas à leptina;
  • transportadores na barreira hemato-encefálica: menor eficiência quando em níveis plasmáticos elevados de leptina.

Com essa resistência à leptina o que se tem observado é uma hiperfagia e uma redução do gasto energético culminando para o quadro clínico de obesidade severa.

Nenhum comentário: