Traçar um perfil da obesidade como uma doença em que os excessos na alimentação são as suas causas não pode ser levado tão a sério. No Brasil, bem como em vários outros países, podemos desmistificar essa idéia. O que vem sendo observado nas últimas décadas é um aumento contínuo da obesidade em regiões onde essa enfermidade não poderia nem ser notificada. Favelas, guetos, sertão nordestino são locais onde não se espera encontrar pessoas obesas ou que apresentem tendência ao sobrepeso. Eu diria que 5 de cada 5 leitores apostariam na desnutrição como a enfermidade que mais cresce nessas regiões. Ledo engano. Estudos realizados ao longo das últimas duas décadas com jovens nordestinos demonstram um ascendente aumento do sobrepeso e da obesidade.
Pensar na obesidade em regiões como essas de fato não é algo usual. Porém, devemos levar em conta que a obesidade não é provocada apenas pela ingesta abundante de alimentos.Estamos falando de uma doença multifatorial que abrange desde aspectos biológicos até aqueles de cunho sociais. E é a grande desigualdade social que acaba gerando esse contraste na realidade brasileira: desnutrição x obesidade.
Aqueles que apostaram na desnutrição, no início de nossa reflexão, não devem ficar decepcionados. Infelizmente, ainda é marcante os altos índices de desnutrição crônica, principalmente infantil, nesses locais. Várias hipóteses tentam mesclar os dados de alta taxa de desnutrição infantil com sobrepeso na adolescência. Uma delas sugere que devido à desnutrição o organismo acaba reduzindo a capacidade de oxidação de gordura pós-prandial ao longo da vida e no momento em que entra em contato com uma dieta rica em gordura passa a metabolizá-las lentamente, assim a tende-se ao sobrepeso mais facilmente.
Dois artigos muito interessantes ressaltam a importância do crescente nível da obesidade em regiões carentes como a Favela da Rocinha e o Nordeste brasileiro:
http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0102-311X2005000600027&script=sci_arttext&tlng=ptAqueles que apostaram na desnutrição, no início de nossa reflexão, não devem ficar decepcionados. Infelizmente, ainda é marcante os altos índices de desnutrição crônica, principalmente infantil, nesses locais. Várias hipóteses tentam mesclar os dados de alta taxa de desnutrição infantil com sobrepeso na adolescência. Uma delas sugere que devido à desnutrição o organismo acaba reduzindo a capacidade de oxidação de gordura pós-prandial ao longo da vida e no momento em que entra em contato com uma dieta rica em gordura passa a metabolizá-las lentamente, assim a tende-se ao sobrepeso mais facilmente.
Dois artigos muito interessantes ressaltam a importância do crescente nível da obesidade em regiões carentes como a Favela da Rocinha e o Nordeste brasileiro:
http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2003000500023
Acredito que essas sugestões de leitura serão o início de um novo olhar para a obesidade. Mas será mesmo que identificar pessoas obesas e pobres é tão absurdo assim? Ou será que a pobreza para nós é algo tão miserável que até a obesidade seria um luxo?
2 comentários:
A obesidade é sim um problema entre pobres (somente os ocidentais). Lembro que meu pai enchia o carrinho de arroz (grão extremamente calórico), macarrão e biscoitos água e sal. Ovo era a única fonte de proteína diária, enquanto a carne/frango era consumida 2 ou 3 vezes na semana. Qualquer pessoa que entende minimamente de nutrição sabe que muito carboidrato e pouca proteína (como é a alimentação do pobre) engorda. Uma pessoa que ganha 1 ou 2 salários mínimos não gasta seu dinheiro e adquire seus kgs com os sanduíches da mcdonalds de 20 reais. É nos pães com manteiga no café da manhã e o almoço movido a macarronada com batata frita em casa.
Faz muito sentido o texto. Eu já tinha ouvido isso de uma leitora do nosso website mas acho que sua explicação acabou ficando ainda mais clara.
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